terça-feira, 10 de setembro de 2013

do VERSO INTERATIVO

a cada Ovo,
um grito
um escândalo
uma afronta
pena que voa,
pena que ela não voa
que não seja leve como os pássaros
que seu canto não seja mavioso
ao invés de rancoroso
invejoso
indecoroso...
num poleiro coletivo
num puteiro privativo
o verso interativo jamais é impositivo,
poetas amam a vida que não vivem
poetas são românticos e não realistas
há mais paradoxos que afirmações
há mais intenções que realizações
poetas são poucos, e não se juntam
eu não quero viajar o mundo
(como eu já fiz)
eu não quero ser visto
(senão como espelho)
eu não quero ser conhecido
(por quem não me conhece por dentro)
eu quero um poema mundano
e vaidoso e perdulário e suntuoso
que alguém leia e goste
que alguém leia e se incomode
que alguém leia e cuspa sem culpa
e esse cuspe brilhe ao sol.
Chamemos isso de poesia concreta-

-interativa.

5 comentários:

  1. "que alguém leia e goste
    que alguém leia e se incomode
    que alguém leia e cuspa sem culpa
    e esse cuspe brilhe ao sol.
    Chamemos isso de poesia concreta"
    Simplesmente amei! Bjinhos

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  2. Poesia concreta...sei nada disto, falando em forma estrutural. Percebo que colocastes várias coisas que fizestes e outras tantas que ainda pretendes fazer e alguns desabafos bem concretos e explícitos muito lindos como: " poetas amam a vida que não vivem
    " eu não quero ser visto
    (senão como espelho) + o verso imperativo jamais é impositivo" gostei muito destas expressões poéticas a das metáforas que elas me passaram. Me ficaram como reflexão e gostei demais disto, Bjs

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  3. Poeta,agora um Ovo,algo embrionário ou não,sai um pássaro ou o verso,não mavioso,invejoso,um escãndalo.O idiossincratismo em alta,nada de interagir,pq a solidão d um ovo,a solidão d um poeta ,qdo bate,pode vir suntuoso,glamouroso,quer se ver no espelho,sim,pq se vê o reflexo invertido,orelha esquerda ,posição no espelho,direita,não,vc não quer ser visto com a forma definica,mas como um poeta,q não vivencia a vida,o poeta ama a vida q não vive.E quem afirma q o realismo não e romantico,sim,o velho espelho,onde a imagem invertida cria o paradoxo.Um poema mundamo,vaidoso,não escondido por uma frágil casca d ovo.Suntuoso,não,eu não cuspo em seus versos,eu os adulo com as mãos de quem não verseja,mas sente e ama.Concreta,uma poesia pra lá de expressiva,ejacula a cada verso o sentimento com a palavra pauleira.Amei sim,não cuspo,engulo os versos e não quero ejetá-lo,regurgitar e ,a cada verso,um passaro que s solta da gaiola de quem o conhece aos poucos porque assim vc o quis.Poeta,a cada dia,uma surpresa,um novo carlodiando.No gerúndio sempre,por favor.Sempre.

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  4. Me lembrou Augusto dos Anjos no poema abaixo, contudo às avessas:
    "Versos Íntimos
    de Augusto dos Anjos

    Vês?! Ninguém assistiu ao formidável
    Enterro de tua última quimera.
    Somente a Ingratidão – esta pantera -
    Foi tua companheira inseparável!

    Acostuma-te à lama que te espera!
    O homem que, nesta terra miserável,
    Mora entre feras, sente inevitável
    Necessidade de também ser fera.

    Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
    O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
    A mão que afaga é a mesma que apedreja.

    Se a alguém causa inda pena a tua chaga,
    Apedreja essa mão vil que te afaga,
    Escarra nessa boca que te beija!"

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