terça-feira, 3 de setembro de 2013

VÁCUO

Um buraco, eu acho
então existe...
liga à superfície ao escuro
é duro, profundo, liso e absurdo

uma cratera é grande
gigante, imerge na paisagem
liga a terra ao ar...
aspirar e sufocar, arder

um vazio é conceitual,
animal que se sabe o vulto
avulso, avilta, anima
o ser em crer, em querer

o vácuo é o tudo
onde nada falta porque nada há,
nada perece
nada cresce nem diminui
nada para nem flui...

o tudo permanece
onde se crê que nada exista
onde nada se vê
onde nada é nada
e persiste, eterno.

criamos o nosso vácuo
daquilo que chamamos amor.

7 comentários:

  1. Bem interessante sua definição poeta. Um abraço pra ti.

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  2. Um buraco eu acho,então existe,concreto,achado.Nada conceitual,literal.A vivência cotidiana.Liso,duro,onde a realidade do dia a dia surge.A cratera não criada,também existe,é funda,não lisa,imerge sorrateira,mas galvaniza,dias duros da realidade do dia a dia,terra a terra.Não há idealizações,apenas constatações.As primeiras estrofes preparam para o ...
    o vazio é um conceito que intriga,anima,de ãnima,alma,pode-se crer,querer,porque é diferente do concreto.Inicia-se a viagem do ser ou não ser shakespeariano.
    O vácuo é o TUDO,porque não há constatação,nem realidades,nem esperanças de crer,porque o TUDO prescinde de conceitualizações.Por isto é eterno.Assim como "daquilo"(o demonstrativo que serve para distanciar,apontar e não definir exatamente com desinências ela ou ele...é o smor,onde nada se vê,nada é nada,inexplicávelinsondável em conceitos...simplesmente criamos nosso próprio refúgio,o TUDO,o nada,o amor em sua plenitude sem explicações...
    Mais um belo poema,mais uma controvérsia em si mesmo,entre o eu lírico e o poeta em si.

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  3. O poeta ( você) sabe, experimentou, atingiu o segredo que de tão óbvio passa despercebido, a grande pegadinha do universo. O amor é a chave.

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  4. É realmente um estranho paradoxo isso que chamamos amor. Contradiz nossas negativas, nega nossas certezas, enche nosso vazio mas ao mesmo tempo nos rasga o peito. É um vácuo onde nada é tudo e tudo é nada. Belo poema Carlos. Gr. Bj.!

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  5. Criamos os nossos vácuos e os nossos falsos tudos... Ainda assim, o Amor cura...!
    Um abraço, Carlos

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  6. Espero pacientemente que o amor cure o meu vácuo...

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