quinta-feira, 19 de setembro de 2013

SENHAS

Meu computador exige a senha
sanha de controle
Indefinível
Eu sou eu mesmo?
Senha para o banco
(da praça também?)
Senha para cartão
para o protocolo
para o atendimento
No consultório
no poupa-tempo
Senha para o pensamento
a emoção
o sentimento,
já imaginou?

Senha para os versos
- acho que deveria
haver o tal controle
para a poesia...
A criação hoje é expressa
como vida atual
não dá tempo de ler
de se espantar
de degustar a poética
Já vem um novo poema...
Antes a gente parava
relia
refletia

Pátria Minha
foi um (dos muitos) poema que me tomou de assalto
e parei no verso
“Porque te amo tanto, pátria minha, eu que não tenho
Pátria, eu semente que nasci do vento
Eu que não vou e não venho, eu que permaneço
Em contato com a dor do tempo, eu elemento
De ligação entre a ação o pensamento
Eu fio invisível no espaço de todo adeus
Eu, o sem Deus!”
e fiquei sem fôlego
e fiquei sem ação
e fiquei
fui, voltei
continuei
ao menos um mês nesse poema,
nenhum outro cabia
e ainda tenho ele dentro de mim...

Diferente dos tantos poemas que leio
(leio muitos, alguns muito bons)
mas já atrás vem outro
e outro
e mais um, do mesmo autor
e já não sei o que li
o que senti
A compulsão de escrever tira o valor
A publicação instantânea tira o sabor
Poema é como o sol de cada dia
vem e fica visível em períodos
a exposição deve ser moderada
penetrar a gente e ficar
quarando.


Use no mínimo 16 caracteres
alterne entre maiúsculas e Minúsculas
e números e sinais
assim: Nova\012345/Poesia 
e envie só uma por dia!

7 comentários:

  1. Poeta,espantoso.Sim,espantoso.Uma sanha de senhas a serem descodificadas.Sim,os primeiros versos protestantes.Senhas,somos um nº,temos nome?Não,temos n ,mas as letras se originaram dos n°s.A simplificação q complicou.A primeira estrofe questinoa s os sentimentos exigirão senhas.A sanha dos q não querem a submissão dos digitalizados.Um bom começo p o um desenvolvimento ainda mais surpreendente.A aceitação da senha p a limitação das construções poéticas,estas em profusão veloz,tão veloz qto os recursos tecnológicos.E discorre na estrofe seguinte com outro poema,ainda urdido,parado,como o tempo dos poetas,q precisam d tempo do tempo de dentro p continuar Pátria, eu semente que nasci do vento.Ao Deus dará.Assim fazem os poetas,alguns,inserir um poema ainda em elaboração em outro findado(?)é uma fabulosa forma d mostrar a construção inacabada.A compulsão tira o sabor?De degustar,mastigar?Talvez,pq o poeta tem suas manias de estar e volatizar com o ser.Os versos quarando sob o sol,para serem clareados,p serem atingidos pelo brilhantismo d uma estrela radiante,porém letal,s ficarmos expostos demais sob ela?Alguns bons,não dá tempo d deglutir,uma vertente d um poeta q protesta ,qdo seus versos não são lembrados,sim,o são.2 versos tecnológicos,app,descodifiquemos,nós,leitores.Academismo,use ao menos 16 caracteres.Como,s mtas vezes o ânima urge e urde mais...protesto d um poeta,gloriosamente,entre o Céu e o Inferno d ter em si ,per si os versos martelando.Sim,vc é um poeta,q abusa e usa d sua criatidade p expandir ou,em dias d chuva,bater a caneta e os pés com tanto a ler e tanto a compreender d si e dos outros.Um poema pesado,bonito pela expansão,sem artifícios da nossa língua,pq estes foram expulsos e não arquitetados.Sempre o poeta em contradição,o q m encanta nesta alma tão volãtil.

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  2. Parabéns querido amei... realmente para tudo tem que ter senha, numa sanha incontrolável. Um abraço.

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  3. E não é que a poesia transforma o cotidiano estressante em texto gostoso de ler?
    É senha pra todo lado, meu Deus!
    Pátria minha? Faz tempo que deixou de ser... o povo brasileiro está corrompido, seja pela falta de estrutura para viver uma vida digna, seja pela maldade do individuo, que só pensa no próprio umbigo.
    Tenha uma feliz primavera, Carlos.

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  4. Poderia se ter uma senha com validade para um poema por dia, no máximo. Bjs

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  5. Alguns autores postam com tanta frequência na blogosfera, que desconfio nem dormem de noite, para terem mais tempo para criar algo novo. Parece uma ditadura... E o sucesso das redes sociais só piorou este estado de coisas. Não há tempo para saborear as palavras, espremê-las entre a língua e o palato.

    Sabe o que faço? Uma pausa regular da blogosfera, para não cair nessa rotina alucinante de ter que ler tudo e comentar tudo, sem tempo para apreciar.
    Um abraço
    Ruthia d'O Berço do Mundo

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  6. Saudade imensa de ler teus versos intensos e cortantes... Gr. Bj. Carlos!

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  7. Um FELIZ ANO NOVO. Que tudo seja repleto de grandes realizações, muita PAZ, SAÚDE e SABEDORIA.
    Um abraço

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