segunda-feira, 1 de julho de 2013

CATARSE


Observei dois sonhos que se beijavam,
um feito de amor o outro ausente de ódio;
lindos emocionaram-me,
puxaram duas lágrimas gêmeas.

Nascedouros, o mesmo sentimento,
caíram, todavia, de diferentes olhos
 que tinham o mesmo olhar para
as lágrimas que se afastavam.

Sorri um meio sorriso,
todo ele de esperança que a dor fosse
de fato fingimento,
porque não o sendo, seriam duas dores:
uma de sofrimento e a outra de desilusão.

Parei de pensar e não morri,
parei de morrer e não vivi;
parei de esperar e não cheguei,
parei de chegar e não encontrei;
parei de procurar, só não parei de parar. 

Escrevi a carta de despedida
mas não consegui me dizer adeus,
pedi a deus que me fizesse crer
nele e em seu mundo;
rompi com os homens porque não os teria,
rompi com as mulheres porque as queria.

Desta catarse sobraram poucos pedaços,
os que caíram marcam minha estada no tempo
dos que ficaram farei meu recomeço no espaço,
afinal, eu sou meu sol,

e ainda há muitas auroras por acontecer. 




9 comentários:

  1. Sensibilidade a flor da minha pele,algumas lágrimas fugiram, me tocou muito. Engraçado porque fui lendo e na primeira parte eu estava no poema, depois parecia que estava ele, que minha alma gêmea era quem falava. Acho que o dom do poeta é esse,traduzir muitos, traduzir todos,afinal, somos sempre a unidade.Os 2 últimos versos serão meu mantra.Lindo, adorei!!

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  2. Bom dia Carlos!!
    Eu fiquei encantada com esse poema!! As duas primeiras estrofes são de tirar o fôlego! Lindo! Nem todas as palavras do mundo me ajudariam a explicar as sensações que ele me causou.
    Beijos!

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  3. Este comentário foi removido pelo autor.

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  4. Carlos, tua catarse se fez completa, só ficou o essencial: não parar de ter esperança, apesar de tudo, apesar de todos. Bjs

    obs: tive que reeditar devido a erros de digitação mas era a mesma mensagem.

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  5. E quantas catarses diárias nos fazemos através da poesia...
    É preciso gritar de forma doce o que temos aprisionado,é a forma que o poeta encontrou de ter olhos de sensibilidade e assim não se ferir.

    Amei teu poema!!!!
    Desta catarse sobraram poucos pedaços,
    os que caíram marcam minha estada no tempo
    dos que ficaram farei meu recomeço no espaço,
    afinal, eu sou meu sol,

    e ainda há muitas auroras por acontecer.

    ...Que assim seja!!!

    Adri

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  6. Que coisa magnífica! Transcendência pura!

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  7. Nosaaaa! Faltam-me palavras Carlos...

    Só posso dizer que me vi inteiramente. E sim, há muitas auroras ainda...

    M A R A V I L H O S O!!!

    Gr. Bj.!

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  8. Que linda metáfora, a de dois sonhos que se beijam. Vc põe a alma nas palavras, nessa espécie de coragem que só os poetas têm. Parabéns!
    Um abraço
    Ruthia d'O Berço do Mundo

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  9. Belíssimo novamente fiquei sem ar.... Cantinho lindo esse aqui. Estava me perguntando como ainda não o havia encontrado... Parabéns! Um bj

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