havia um
pedaço de pau fincado na lama
ninguém era
capaz de removê-lo, pois ficava
fora do
alcance do caminho florido
um dia um
menino agredido pela ordem das coisas
ferido pelas
cores, pelos aromas e sabores
maltratado
pelos pássaros e pelos anjos
entro na poça
e retirou o velho cajado
saiu ao sol e
viu as gentes distantes irem ainda mais longe
percebeu que
o pedaço de pau
transformou-se
numa espada
o barro que
secou sobre sua pele formou
a mais dura
armadura
nascia o
cavaleiro do lodo
o anti-herói
predestinado a combater o mundo
claro e
ordeiro
derrubou reis
venceu duques
e clérigos
violentou
princesas
indignado
sentiu-se amado.
era um homem
de posses
possuía um
pedaço de pau e um pouco de lama
tinha vestes
e ouro e posição
exposição
mulher amante
e profissão
cidadão
correto
altivo e orgulhoso
cansado
sentiu-se odiado.
o velho se
refugiou numa torre
além das
nuvens
ali guardava
suas lembranças
a falta de
fantasia e esperanças
as aventuras
as amarguras a indolência
não tinha
mais sonhos nem dissabores
perdera os
amigos e os inimigos
extasiado
soube-se ignorado.
morreu entediado
e feliz
Oi, Carlos!!
ResponderExcluirEsse tédio é o melhor dos tédios! Tédio e felicidade, que combinação!! A vida homem, mesmo não guerreiro é cheia de disparidades - sentir solidão em meio a muita gente, sentir-se odiado por ter praticado aquilo que pensava ser o bem... Ser ignorado é o caminho que leva ao encontro de si mesmo!!
Boa semana!!
Oi Carlos!
ResponderExcluirFicou ótimo sua versão do mito Rei Artur em forma de poema! Todo homem tem um guerreiro dentro de si, pronto para enfrentar as lutas e obstáculos da vida, pronto para colocar sua armadura e vencer algumas batalhas que muitas vezes, chegam a ser esmagadoras e humilhantes!
Beijos!