domingo, 9 de junho de 2013

EXCALIBUR

havia um pedaço de pau fincado na lama
ninguém era capaz de removê-lo, pois ficava
fora do alcance do caminho florido

um dia um menino agredido pela ordem das coisas
ferido pelas cores, pelos aromas e sabores
maltratado pelos pássaros e pelos anjos
entro na poça e retirou o velho cajado

saiu ao sol e viu as gentes distantes irem ainda mais longe
percebeu que o pedaço de pau
transformou-se numa espada
o barro que secou sobre sua pele formou
a mais dura armadura
nascia o cavaleiro do lodo
o anti-herói predestinado a combater o mundo
claro e ordeiro

derrubou reis
venceu duques e clérigos
violentou princesas
indignado sentiu-se amado.

era um homem de posses
possuía um pedaço de pau e um pouco de lama
tinha vestes e ouro e posição
exposição
mulher amante e profissão
cidadão
correto altivo e orgulhoso
cansado sentiu-se odiado.

o velho se refugiou numa torre
além das nuvens
ali guardava suas lembranças
a falta de fantasia e esperanças
as aventuras as amarguras a indolência
não tinha mais sonhos nem dissabores
perdera os amigos e os inimigos
extasiado soube-se ignorado.


morreu entediado e feliz

2 comentários:

  1. Oi, Carlos!!
    Esse tédio é o melhor dos tédios! Tédio e felicidade, que combinação!! A vida homem, mesmo não guerreiro é cheia de disparidades - sentir solidão em meio a muita gente, sentir-se odiado por ter praticado aquilo que pensava ser o bem... Ser ignorado é o caminho que leva ao encontro de si mesmo!!
    Boa semana!!

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  2. Oi Carlos!
    Ficou ótimo sua versão do mito Rei Artur em forma de poema! Todo homem tem um guerreiro dentro de si, pronto para enfrentar as lutas e obstáculos da vida, pronto para colocar sua armadura e vencer algumas batalhas que muitas vezes, chegam a ser esmagadoras e humilhantes!
    Beijos!

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