segunda-feira, 24 de junho de 2013

O OLHO QUE SE ISOLA

Olho um olho que se isola
Longe no tempo, extrapola
O que realmente desejo ser.

Como me ver tão fora de mim?

Assustado com o que fazer
Com as respostas que darei,
Compromissos ambíguos que
Demarquei, intimidades expostas
Que desrespeitei.

Não posso me observar,
Deixo o caminho ao caminhar
O gosto ao paladar
O amor ao se dar
Nada sei antes de começar.

Tentarei, lembrar-me-ei minhas
Matas queridas, as cachoeiras
Descidas, os vôos de moto,
Os sons de um blues, os poemas
Líricos, os encontros oníricos.

Viajandando,é o estado que se
Encontram os românticos
Existenciais pós-modernos
Idealistas eternos.

Borboletando, é como ficam
As palavras desconexas que
Saem do peito sem motivo,
Até se encontrarem na verde
Folha, poema sem escolha.

Eu ando, mas só quando
Chegar é que saberei

Onde quis estar.

7 comentários:

  1. A surpresa,o inesperado e as descobertas é que dão sabor à vida. Adorei esse também!

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  2. Carlos,obervo em seus poemas vários aspectos estilísticos bastante interessantes:primeiro, a conservação da língua castiça e,ao mesmo tempo,a não preocupação com o ritmo cadenciado dos academistas,pós-moderno com o eterno romântico,dois paradigmas,uma vertente.A temática bem urdida,sem pontuações sugere aos leitores um fluxo ininterrupto de digressões.Dois versos me enfeitiçaram:Até se encontrarem na verde

    Folha, poema sem escolha.


    Até se encontrarem na verde folha,ainda jovem,os versos a preeencheram e...saltiraram em frutos.Como sempre,seus versos me trazem ao recolhimento e aos sonhos.Namastê,amigo

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  3. Carlos,

    Sou uma incorrigível viajandante, e tenho que confessar, minhas palavras vivem borboletando por aí! rs. Gostei demais do que li! Gr. Bj.!

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  4. O Olho que se isola
    Um poema visceral,onde o conteúdo se alia á forma.Primeiro,a forma.Autilização dos paradoxos,dos anaforismos,da sinestesia,das figuras mitológicas como sinonímias de nosso léxico cotidiano fazem o poema um relicário de recursos estilísticos.O conteúdo mostra a angústia nossa de cada dia,de sermos ouvidos e,na maioria das vezes,o grito ser emitido,porém não ser escutado.Um pedido de socorro de uma alma,onde ela tenta se reconhecer e não consegue,pois o grto volta para dentro,ecoa...o último verso é uma bela maneira do recomeçar ,o ovo,a gênesis,o q vem antes,o ovo,o poema,ou a galinha,o poeta ?Digno de ser comido,digerido e relido.Um presente a todos nós,seres angustiados e que prendemos nossos gritos ,abafando-os em nós mesmos...ainda bem que existem os poetas,eles gritam por nós...

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